quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Cidade da Grande São Paulo muda de prefeito dez vezes em dois anos


FELIPE SOUZA

DE SÃO PAULO

"Enquanto eu estiver lá, farei o melhor para a cidade", disse o vereador Saulo Rodrigues (PMDB), no final da manhã desta quarta (21), logo após assumir o cargo de prefeito de Cajamar (Grande SP).
O tom inseguro do discurso revela a instabilidade do posto mais alto da cidade, que já foi trocado dez vezes em menos de dois anos. E a previsão é que a dança das cadeiras ainda continue.
Toda a bagunça começou em janeiro do ano passado, quando o prefeito Daniel Fonseca (PSDB), eleito com 20 mil votos (47%), foi cassado.
Ele e a vice foram condenados por publicar, de forma abusiva, reportagens pagas em jornais da região durante a campanha eleitoral de 2012.
A partir dessa cassação, os cerca de 80 mil habitantes da cidade passaram a conviver com prefeitos tampões e uma crise política e administrativa sem prazo para terminar.


A constante alternância no comando se reflete no dia a dia do município: obras atrasadas, demissões em série e quebras sequenciais no planejamento da gestão.
O prefeito cassado chegou a conseguir uma liminar e reassumiu o posto, mas o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu não só cassá-lo, mas deixá-lo inelegível até 2020.
Depois disso, o primeiro a assumir foi o presidente da Câmara. Mas ele teve de sair após os 90 dias permitidos por lei.
Uma eleição indireta na Câmara Municipal foi convocada para a escolha do novo prefeito. Houve empate entre dois vereadores do PSDB, o que levou o mais velho à cadeira de prefeito.
Mais uma vez, porém, a nova gestão não durou muito. O tucano derrotado, não conformado com a escolha do colega mais velho, foi à Justiça. Alegou que ele era o indicado pelo partido e, assim, assumiu a prefeitura em seu lugar.

Saulo Rodrigues (de pé), 8º prefeito de Cajamar desde o ano passado

Menos de cinco meses depois, mais uma mudança.
O prefeito tucano foi afastado após ser investigado por suspeita de ter recebido dois salários ao mesmo tempo: de vereador e de um cargo na diretoria de saúde.
Em seu lugar, entrou o vice-presidente da Câmara. Mas, 19 dias depois, ele renunciou para poder concorrer às eleições desta quarta.
Para a cidade não ficar sem comando, uma procuradora municipal assumiu a cidade por 12 horas no mês passado, prazo que a Justiça levou para decidir que o cargo deveria ser ocupado pelo então primeiro-secretário da Câmara.
Mas, para também concorrer às eleições indiretas desta quarta, ele pediu afastamento do cargo 24 horas antes da disputa, a qual venceria por 9 votos a 3.
Nesse hiato de um dia, o comando ficou a cargo de um procurador que nem a assessoria de imprensa da prefeitura soube dizer quem era.
Após oito pessoas diferentes passarem pelo comando de Cajamar em menos de dois anos, os moradores se preparam para mais mudança

PrefeitoTempo no cargoPosseMotivo
Daniel Fonseca (PSDB)389 dias1º.jan.13Prefeito assume após receber 20.047 votos (47,43%)
Pezão (PPS), presidente de Câmara6 dias24.jan.14Presidente da Câmara assume após prefeito ser cassado
Daniel Fonseca (PSDB), prefeito263 dias29.jan.14Fonseca retoma cargo após liminar da Justiça
Pezão (PPS), presidente de Câmara84 dias20.out.14Presidente da Câmara reassume após Justiça derrubar a liminar
Lima (PSDB), vereador101 dias13.jan.15Eleito pela Câmara após fim do prazo de Pezão
Cidão (PSDB), vereador135 dias22.abr.15Tucano ganha ação e derruba
companheiro de partido
Brandão (PSD), vice-presidente da Câmara19 dias4. set.15Cidão perde o cargo após in- vestigação e Brandão assume
Cláudia S. Esparrinha, procuradora12 horas23.set.15Brandão pede afastamento para concorrer às eleições indiretas e procuradora assume o cargo
Saulo Rodrigues (PMDB), primeiro-secretário da Câmara28 dias23.set.15Justiça define que Saulo tome posse
Procurador24 horas20.out.15Saulo pede afastamento para concorrer às eleições. Procurador assume o cargo
Saulo Rodrigues (PMDB), primeiro-secretário da CâmaraAtual21.out.15Saulo é eleito pela Câmara Municipal

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