segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Alunos da rede pública criam projetos em parceria com a comunidade nas escolas pernambucanas

Inovações desenvolvidas em unidades públicas de ensino de Pernambuco geram opções de mercado para administrações públicas e privadas. Só falta investimento
Afonso Bezerra - Lugar Certo




Quando Aramis Felipe, 17 anos, fala em circuitos elétricos, geração de energia e capacitor eletrolítico, os olhos brilham com a força de um sonho. Ele deseja ser engenheiro eletricista e, para que isso aconteça em breve, não perde uma aula de física. O jovem é um dos estudantes que fazem parte do projeto Acenda essa ideia, que, desde 2013, desenvolve lâmpadas LED dentro  dos laboratórios da Escola de Referência em Ensino Médio Alfredo Freyre, no bairro de Água Fria, no Recife. A atividade é um exemplo de experiências pensadas dentro da sala de aula em escolas da rede pública e concebidas para a comunidade.
Orientados pelos professores Carlos Humberto, de física, e Maria Daniele, de biologia, os alunos desenvolvem o material em LED a partir da recuperação de estruturas velhas de lâmpadas fluorescentes. O material é recolhido na vizinhança. A campanha é um exercício de sustentabilidade e criatividade. “Todo esse projeto é pensado sobre o prisma da interdisciplinaridade”, aponta Maria Daniele. A recompensa é vista no desempenho da rapaziada. “No laboratório, tenho esse contato com a prática daquilo que eu aprendo na sala de aula. Consigo visualizar bem toda a parte teórica”, explica Aramis.
O raciocínio é o mesmo aplicado pela Escola Técnica de Palmares, na Mata Sul do estado. Estudantes do curso de mecânica desenvolveram um projeto em que a energia é gerada a partir de uma pedalada, chamado EcoBike. O processo é simples: eles recolhem bicicletas velhas e instalam o motor que vai gerar a energia. Até o momento, é apenas uma experiência, mas já serve de inspiração para futuras ações. A ideia é que o sistema ajude na geração e economia de energia elétrica para trabalhadores rurais e até mesmo estabelecimentos comerciais, como academias, que usam as famosas bicicletas ergométricas. "Na cidade, temos uma rede muito defasada, com quedas constantes e que prejudicam nossos eletrônicos. Esse projeto pode servir como sistema complementar nas residências". 
Em Bezerros, no Agreste, seis alunos da Escola Técnica criaram o aplicativo oficial do Festival de Inverno de Garanhuns desse ano. O material foi baixado por mais de 1,2 mil pessoas. Os estudantes desenvolveram o aplicativo em três semanas e usaram os equipamentos do laboratório da própria escola. A experiência já foi um aperfeiçoamento de outro exercício, em fevereiro, com um guia para o carnaval de Bezerros. "Esses projetos são muito importantes porque os alunos começam a buscar uma formação conectados com a população, não reduzindo o ensino à sala de aula, mas ampliando para a  comunidade onde vivem. Essa conexão é muito importante", defende o professor de Mecânica Teodorico Neto, orientador do EcoBike.

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