quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Pela primeira vez em oito anos, o número de trabalhadores com carteira assinada nos setores público e privado que vai receber o 13º salário será menor.

Pela primeira vez em oito anos, o número de trabalhadores com carteira assinada nos setores público e privado que vai receber o 13º salário será menor.
A queda de 1,9% é apontada em estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que mostra que neste ano são 48,91 milhões os assalariados que vão receber o benefício. Juntos, devem receber R$ 119,9 bilhões.
No ano passado, o total de empregados com carteira que recebeu o salário extra chegou a 49,85 milhões.
"Essa redução é reflexo direto da piora do mercado de trabalho, com a demissão acentuada de trabalhadores com carteira assinada", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.
O pagamento de 13º salário aos brasileiros da ativa e aposentados deve injetar até dezembro R$ 173 bilhões na economia. O valor corresponde a 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) e é 9,5% maior, em termos nominais, do que o estimado para o ano passado.
A lei prevê que o 13º salário seja pago em até duas parcelas —a primeira até o dia 30 deste mês e a segunda até o dia 20 de dezembro.
O desemprego maior também têm impacto no pagamento do 13º de domésticos e do total de pessoas (inclui ativa e aposentados) que devem receber o benefício, explica Oliveira.
Neste ano, 1,916 milhão de empregados domésticos devem receber o benefício —o valor médio é estimado em R$ 997. No ano passado eram 2,122 milhões, com valor médio de R$ 922,86.
Estimativa de recursos com pagamento do 13º salários -
DiscriminaçãoNº de beneficiários% de beneficíariosTotal 13º (bilhões de R$)Valor médio (R$)
1.Trabalhadores do mercado formal50.829.74960,2121.7932.396,09
1.1 Assalariados do setores público e privado48.913.74957,90119.8822.450,9
1.2 Empregados domésticos com carteira1.916.0002,301.910997
2. Aposentados e pensionistas33.616.76739,3051.4791.531,34
2.1 Beneficiários do INSS (regime geral)32.637.34238,632.7351.003
2.2 Regime próprio da União979.4251,207.9768.143,86
2.3 Regime próprio dos Estados8.645
2.4 Regime próprio dos municípios2.122
Total84.446.516100173.2711.
NÚMERO TOTAL
São 84,4 milhões de brasileiros, incluindo trabalhadores do mercado formal (assalariados e domésticos) e aposentados e pensionistas que devem receber o 13 salário neste ano. O número é 0,3% inferior ao calculado no ano passado.
O valor médio pago a esses trabalhadores e aposentados será de R$ 1.924,34 —o montante é 8,5% superior (em termos nominais) ao benefício pago no ano passado, quando os 84,7 milhões de brasileiros receberam em média R$ 1.773,99.
"Se por um lado há redução no estoque de empregos no setor formal, há um contingente de 900 mil pessoas a mais que passarão a receber o benefício, porque requisitaram sua aposentadoria ou pensão pelo INSS", diz o coordenador do Dieese.
No ano passado, 32,72 milhões de aposentados e pensionistas eram beneficiários do 13º. Neste ano, a estimativa é que cheguem a 33,62 milhões.
Os cálculos do Dieese levam em consideração dados do Ministério do Trabalho (como Rais, Caged), informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE, do Ministério da Previdência e da Secretaria Nacional do Tesouro.

POR REGIÃO
A região Sudeste é a que deve concentrar a maior parte dos R$ 173 bilhões que devem ser injetados na economia (51,3%) porque possui a maior parte de trabalhadores, aposentados e pensionistas do país.
Outros 15,6% devem ficar na região Sul e 15,9% na região Nordeste. As regiões Centro-Oeste e Norte devem ficar com 8,6% e 4,9% do valor, respectivamente.
Segundo o estudo do Dieese, o maior valor médio para o 13º salário, levando-se em conta todos os beneficiados (trabalhadores, aposentados e pensionistas), deve ser pago no Distrito Federal: R$ 3.590.
O menor, com valor médio de R$ 1.300, deve ser pago nos Estados do Maranhão e do Piauí.
POR SETOR
Os dados do Dieese mostram ainda que cerca de R$ 119,9 bilhões que serão pagos, até o final do ano, destinam-se a 49 milhões de trabalhadores formais do setor público e privado —excluindo os empregados domésticos.
Desse total, 62,1% ficarão com empregados do setor de serviços (incluindo administração pública). Aos empregados da indústria serão destinados 18,4%.
Os comerciários receberão 13,1% e os trabalhadores da construção civil, 4,5%. Outros 2% serão pagos aos trabalhadores da agropecuária.
O maior valor médio será pago aos trabalhadores do setor de serviços, R$ 2.795,49. O setor industrial aparece com a segunda maior média, R$ 2.569,64.
O menor 13º salário deve ser pago aos trabalhadores do setor primário da economia, R$ 1.497,25 —incluindo agropecuária, extração vegetal, caça e pesca.
MAIOR DIFICULDADE
Reportagem da Folha desta segunda (9) mostrou que a indústria enfrenta mais dificuldade para fazer caixa e pagar o benefício. Com isso, cresce o número de empresas que devem buscar financiamento de bancos para pagar o 13º salário e aumenta o valor do empréstimo que elas pretendem fazer neste ano.
O percentual de indústrias paulistas que informaram que terão de recorrer a terceiros para pagar o benefício aos trabalhadores é de 35% —o maior patamar desde 2009, ano em que a economia sofreu o impacto da crise internacional. Em 2014, quando o setor já enfrentava retração nas vendas, 29% informaram que utilizariam crédito para quitar o salário extra.


Pequenas, médias e grandes indústrias pretendem pegar emprestado, em média, 81,3% de suas folhas de pagamento. É o mais alto patamar dos últimos seis anos, quando atingiu 78,4%.
Com estoques elevados e encomendas sendo feitas com atraso, o percentual de indústria que conseguiu provisionar recursos para pagar o 13º (42,3%) é o menor da série histórica da pesquisa da Fiesp (federação das indústrias paulistas), iniciada em 2008. Foram consultadas, 499 indústrias de todos os portes e segmentos.
13º salário - O que as empresas afirmam, em %CONSUMIDOR
Do lado do consumidor, sete em cada dez brasileiros que vão colocar o 13º no bolso pretendem pagar dívidas ou poupar com o valor da primeira parcela. O dado consta da pesquisa da Associação Comercial de São Paulo, realizada pelo Instituto Ipsos.
Enquanto 70% pretendem dar esse destino aos recursos neste ano, no ano passado eram 49%.
"O consumidor está mais cauteloso, mais racional do que nunca. De um lado teme a perda do emprego, o que o deixa mais inseguro. Do outro, há o impacto da inflação mais elevada pesando no bolso e na renda", diz Emílio Alfieri, economista da associação.
Por essa razão, o consumidor prefere guardar parte do salário extra na poupança para poder complementar a renda. Aqueles que estão endividados preferem quitar as dívidas, explica o economista.

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